29.8.06

 

Francisco Brennand- A sua imediata obrigação era o sonho


Chegar até ao centro do universo e lá ficar prisioneiro para sempre é esse o nosso destino- Brennand


Brennand, praticante da escultura, da pintura, do desenho e da olaria- cerâmica tem vindo a tornar o seu atelier , não apenas um espaço de trabalho, senão antes autêntico museu-templo de fascinante imponência cenográfica, repleto de exóticas figuras e intensíssimas colorações (…)Pelas quais em constante acréscimo conexo a permanente produtividade autoral, frequentemente levada até à exaustão, dir-se-ia conjugarem-se inequívoca modernidade e atemporal ancestralidade

Fernando Pernes in catálogo da Exposição Brennand - No acerto com o Mundo


Francisco de Paula Coimbra de Almeida Brennand, nasceu a 11 de Junho de 1927, no Recife, capital do estado de Pernambuco, Brasil.
Desde 1971 ele vem transformando uma antiga olaria de dez mil metros quadrados num espapaço artístico peculiar, criando uma mitologia própria.
Estudou pintura com Álvaro Amorim, um dos fundadores da Escola de Belas Artes de Recife. Participou e conquistou os 1ºs prémios no Salão de Pintura no Museu do Estado de Pernambuco em 1947 e 1948. Em 1949 viajou para a Europa onde se fixou em Paris. Viajou pela Bélgica, Suíça, Portugal, Espanha e Itália, estabelecendo-se na Úmbria (Deruta) em 1952, aprimorando os seus conhecimentos de cerâmica numa fábrica de faiança nos arredores de Perúgia .
De volta ao Brasil, reconstrói e reforma o seu atelier na velha casa do Engenho São Francisco, misto de fortaleza e convento dos finais do século XVIII.
Nas ruínas da antiga olaria herdada de seu pai , o artista Francisco Brennand, debruça-se e transforma a fábrica de tijolos e telhas num projecto obsessivo e sem trégua, recriando de uma maneira original elementos de uma surpreendente arquitectura.Aí, Brennand, desenvolve uma obra artística que se estende pelo desenho, arquitectura, pintura e escultura, reinterpretando tanto a mitologia sul –americana, quanto a europeia. Diversas culturas que coabitam no universo brasileiro fornecem os sinais marcantes da personalidade e do trabalho de Francisco Brennand , que em analogia aos surrealistas ,acentua a força e o efeito do sonho e da inquietude como requisito para acto criador. Numa inscrição mural de Jorge Luís Borges, encontramos a seguinte citação: “ A sua imediata obrigação era o sonho”.
Para quê descrever mais? Palavra alguma pode dizer a arte de Brennand. A literatura é inútil. Ele escreve com a cerâmica. O ceramista Francisco Brennand recebeu no ano de 1993 o Prémio Interamericano de Cultura Gabriela Mistral, outorgado pela OEA-Washington/USA, pelo conjunto e singularidade do seu trabalho.

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23.8.06

 

Sara Carone


Aos 12 anos, uma menina resolveu esculpir no barro o rosto da colega de classe. Pôs a mão na massa e, ao chegar aos olhos, ficou cheia de dúvidas sobre o que deveria fazer. Folheando um livro de esculturas, leu que os olhos não precisam ser feitos necessariamente com pupilas. Seguiu a dica, mas depois sentiu-se como se tivesse roubado a solução e, portanto, não fosse a verdadeira autora de peça. E, já que não passava de uma ladra, era melhor desistir. Não fosse por esse sentimento ingênuo – afinal, técnicas se aprendem em qualquer profissão – e teríamos tido a oportunidade de privar do talento da grande ceramista Sara Carone bem antes. Mas quem é que está com pressa? Sara, seguramente, não. Ansiedade é uma palavra que parece nem existir em seu dicionário.

Ela retomou a carreira interrompida na pré-adolescência só na maturidade, nos anos 80, quando já tinha passado dos 30. Se precisou esperar um tempão para sentir-se boa o suficiente para voltar a esculpir, o reconhecimento a seu trabalho não tardou. Sara Carone já expôs três vezes no “país da cerâmica”, o Japão – em 1990 e 1993, na Murata Gallery, de Tóquio, uma galeria exclusiva de cerâmica e vidro, e em 1993 na Tsubaky Gallery, em Chiba. Tem obras de sua autoria no acervo do Museu Nacional de Arte Moderna de Tóquio, incluídas por Mitsuhiko Hasebe, o crítico de cerâmica mais respeitado daquele país hoje. Em 1991, mereceu a matéria de capa da revista norte-americana Ceramics, no mesmo ano, fez uma exposição individual na Jane Corkin Gallery, em Toronto, Canadá: em 1994 seu trabalho mereceu uma alentada mostra no Museu Nacional do Azulejo, em Lisboa, Portugal; e em 1995 foi a vez de o Museu de Arte de São Paulo, o MASP, abrir-lhe as portas.

Tudo isso foi conquistado sem alardes, silenciosamente, com um trabalho que remete palavras como delicadeza, suavidade e harmonia. Numa época em que a maioria dos ceramistas abusa do esmalte e das cores, “disfarçando” o barro com uma grossa camada vítrea. Sara desnuda a matéria com que trabalha e sobrepõe a ela um jogo gráfico sutil, delicado por vezes irônico e sempre de grande beleza.

Tirar os olhos da peça e volta-los para a artista permite constatar um desses raros casos de coerência entre o que se é e o que se faz. Sara é despretensiosa, passa ao largo da autopromoção, não se vangloria de nada. Nela, nada é chamativo ou gritante – evidente, mesmo, só o prazer de demonstrar quando está montando, esmaltando, queimando. Tudo muito leve, como se ir tirando do barro essas formas e grafismos fosse algo absolutamente “natural”, que prescinde de esforço ou determinação. Ou como se a expressão artística fosse uma diversão calma e profunda.

Revista: ÍCARO
Texto de Adélia Borges

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18.8.06

 

Museu de Pérgamo - Berlim


4.8.06

 

Uma brisa fresca de Matisse

Henri Matisse


A música é "Lyric Waltz" de Dmitri Shostakovich (1906 - 1975), vídeo de Sundroid

Boas férias. Até breve.


3.8.06

 

Luísa Conceição – Ceramista de Estremoz


Foi por causa de um presépio que conhecemos a D. Luísa. Artesã de Estremoz, ceramista destemida, com 72 anos, que todos os anos está na Feira de Artesanato de Vila do Conde, entre outras, acompanhada sempre pelo seu marido e um filho.
Apreciadores de arte popular, eu e o João, há muito que vínhamos namorando um presépio da D. Luísa. Eram muitas peças, o que tornava caro o conjunto e por isso íamos aguardando pela melhor altura para o comprar.
Eu já tinha uma Primavera, peça muito característica do imaginário de Estremoz, que comprara numa viagem ao Alentejo há muitos anos. Tenho uma grande estima por essa peça. As cores vivas já adquiriram uma “patine”e desbotaram um pouco, o que não no entanto não lhe retira a beleza, muito pelo contrário.
Não éramos propriamente coleccionadores mas havia outras peças que gostávamos de adquirir: um Amor é Cego, uma Cantarinha Fidalga, uma N.sra do Ó, um S.João, entre tantas peças que nos cativavam.
Mas foi então a compra do presépio que nos fez estreitar o conhecimento com a D. Luísa. No espaço de exposição havia outros barristas de Estremoz, mas as peças desta ceramista destacaram-se logo pelos pormenores e entre eles pelos pequenos rostos mais sorridentes e coradinhos. Mais tarde fizemos a associação dos rostos dos bonecos com o rosto da artista – eram tal e qual. Eram diferentes e preferimo-las.
A compra foi acompanhada de muita conversa e foi aí que a D. Luísa desfiou algumas histórias, a sua própria história e a das suas peças.
O pai chamava-se Mariano Conceição e por volta de 1932 já modelava as figuras de Estremoz. O seu maior empenho era fazer ressurgir peças antigas que estavam a ficar esquecidas. A esposa ajudava-o na parte de pintura das peças e Luísa, só com seis anos, começou a dar os primeiros passos ajudando a pintar os pormenores.
Quando o pai faleceu, a mulher continuou-o na modelagem de peças e Luísa manteve-se na pintura.
Por volta dos quarenta anos e já lá vão trinta, resolveu começar a modelar ela as figuras. A partir daí também o seu objectivo se tornou criar imagens tradicionais caídas em desuso e outras da sua autoria, mas sempre inspiradas em pesquisas que faz. A D. Luísa sabe as origens mais antigas de todas as figurinhas de Estremoz.
De acordo com a artesã o tema mais forte do artesanato de Estremoz é o trabalho: os pastores, as ceifeiras, azeitoneiras e outras profissões. O sagrado está também representado, com referências ao S. António, à Nª Srª e ao Presépio. Depois há figuras muito bonitas e características fora desses temas que são: a Primavera, bailarina que representa o Alentejo quando está florido; o Amor é Cego que representa o amor com decoração inspirada no Brasil; há os negrinhos de influência também brasileira e as Cantarinhas, com decorações muito coloridas.


O presépio cá está em casa há bastantes anos já, sempre posto na mesa junto à entrada, simbolizando a paz e celebrando a vida.
Quanto à D. Luísa é sempre um prazer revê-la e às suas peças no ritual da visita anual à feira de Vila do Conde.

29ª Feira Nacional de Artesanato
Vila do Conde até 6 de Agosto

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1.8.06

 

Slide Show feito pelo Bioterra


Gentilmente cedido pelo João Bioterra.Agradece que divulguem também!
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